A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputar as eleições de 2022
acelerou uma mudança de postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O
Planalto e aliados do presidente avaliam que ter o petista como adversário na
corrida presidencial antecipa os efeitos da polarização direita-esquerda e
beneficia Bolsonaro, mas também o obriga a moderar a própria conduta e a
comunicação em relação ao combate à Covid-19.
O mesmo Bolsonaro que em 4 de março disse “chega de frescura, de mimimi” sobre o coronavírus e que falou sobre comprar vacina “só se for na casa da tua mãe”, usou máscara um evento no Palácio do Planalto na quarta-feira (10) em que sancionou um projeto que poder acelerar a compra de imunizantes. Em um discurso ameno, citou realizações do governo durante a pandemia.
Na quarta, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, também publicou em suas redes sociais um apelo pela imunização. Uma imagem com a foto de seu pai informa que “nossa arma é a vacina”.
O comentário feito pelo senador ocorreu quase ao menos tempo em que Bolsonaro participava da cerimônia no Planalto. Ambos destacaram que, nos próximos meses, o governo vacinará milhões de pessoas. “O Brasil terá mais de 400 milhões de vacinas até o fim do ano”, disse Bolsonaro.
A cerimônia em que Bolsonaro usou máscara e a postagem de Flávio ocorreram horas depois de Lula ter se pronunciado pela primeira vez após a decisão do ministro do STF Edson Fachin que anulou os processos contra o petista na Lava Jato e que, assim, devolveu os direitos políticos ao ex-presidente. No discurso, Lula desconversou sobre candidatura, mas disse que o PT vai "polarizar" com Bolsonaro em 2022.
Moderação de Bolsonaro tem como alvo o eleitor de centro
Interlocutores do governo ouvidos pela Gazeta do Povo
reconhecem que a mudança de postura de Bolsonaro não é uma coincidência. “Para
ele [Bolsonaro] ter uma eleição mais tranquila, tem que moderar o discurso a
partir de agora”, disse uma fonte do Palácio do Planalto.
Ao usar máscara, moderar o discurso e citar os feitos do governo na pandemia, Bolsonaro coloca em ação uma nova estratégia para a comunicação institucional que vinha sendo defendida por uma ala do Planalto.
Essa ala – composta majoritariamente por ministros palacianos e interlocutores mais próximos do presidente – vinha aconselhando o presidente a “mudar a chave”. Além de Lula, que acelerou a mudança de tom, a preocupação do governo é com a queda de popularidade de Bolsonaro por causa da piora da pandemia de Covid-19 no país.
Com informações do GazetaDoPovo
Foto Ilustrativa: Evaristo Sa/AFP/Divulgação.
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