No recurso, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo requer que, caso o relator não reconsidere sua decisão monocrática, o agravo regimental seja julgado por órgão colegiado, a fim de manter a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Caso a Corte não entenda desse modo, a PGR solicita que a
decisão passe a ter efeitos daqui para a frente, preservando todos os atos
processuais instrutórios e decisórios já praticados pela subseção judiciária de
Curitiba. Como consequência, só seriam remetidas a outra vara as duas ações
ainda não sentenciadas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta
sexta-feira (12/3) recurso contra a decisão do ministro Luiz Edson Fachin, do
Supremo Tribunal Federal, que anulou as condenações do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
O MPF entende que a competência da 13ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Paraná deve ser mantida para processar quatro ações penais em
curso contra o ex-presidente — os casos "Triplex de Guarujá",
"Sítio de Atibaia", "Sede do Instituto Lula" e "Doações
ao Instituto Lula". Para a PGR, com base na jurisprudência do Supremo, e
com vistas a preservar a estabilidade processual e a segurança jurídica, devem
ser mantidas as condenações e continuados os processos.
Por fim, na hipótese de não acolhimento de nenhum dos
pedidos, a PGR requisita que os processos sejam enviados à Seção Judiciária de
São Paulo, na medida em que os casos em questão abrangem fatos e valores
relativos a imóveis e instituto sediados naquele estado.
Histórico na Corte
O recurso destaca que o Supremo estabeleceu, de forma
gradativa ao longo dos anos, as balizas a serem observadas pelas instâncias
ordinárias quanto à competência nos casos da "lava jato". O MPF
lembra que o oferecimento das denúncias contra o ex-presidente da República
remonta aos anos de 2016 e 2017.
Naquele momento, prevalecia o entendimento adotado pelo STF no julgamento da questão de ordem no Inquérito 4.130, segundo o qual “a prevenção do saudoso ministro Teori Zavascki no âmbito do Supremo Tribunal Federal, assim como a da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba, no contexto da ‘Operação Lava Jato’, seria restrita aos fatos relacionados a ilícitos praticados apenas em detrimento da Petrobras S/A”.
O caso do "Triplex de Guarujá", por exemplo, foi atraído para Curitiba devido ao pertencimento do Grupo OAS ao cartel de empreiteiras que atuava de forma ilícita em contratações celebradas com a Petrobras S/A e outros órgãos públicos. Para a subprocuradora-geral, a denúncia apresentada pelo MPF no Paraná é "clara" e relata "elos entre os contratos da Construtora OAS firmados com a Petrobras (destacadamente nos Consórcios Conest/RNEST em obras na Refinaria do Nordeste Abreu e Lima – RNEST e Conpar, em obras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas – Repar) e a vantagem ilícita obtida por Luiz Inácio Lula da Silva em razão de tais contratos". Ela sustenta que, conforme os autos, o apartamento concedido ao ex-presidente, assim como outras vantagens, consistiu em retribuição pela sua atuação de modo a garantir o funcionamento do esquema que lesou a Petrobras.
Foto: Gil Ferreira/Agência CNJ/Divulgação.
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