Dois casos da doença de Haff foram identificados em
fevereiro em Pernambuco. A síndrome é chamada popularmente de “doença da urina
preta”. Na terça-feira (2), a veterinária Priscyla Andrade, de 31 anos, morreu
em um hospital do Recife.
A irmã da profissional, Flávia Andrade, também foi internada
no hospital da capital pernambucana, mas se recuperou e já está em casa. As
duas comeram um peixe da espécie arabaiana, conhecido como “olho de boi”.
A doença que acometeu as duas mulheres é causada por uma
toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos. A
substância gera danos no sistema muscular e em órgãos como rins.
Ela se constitui em um tipo de rabdomiólise, nome dado para
designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e
libera elementos de dentro das fibras (como eletrólitos, mioglobinas e
proteínas) no sangue.
O nome foi dado em razão da descoberta da doença em um lago
chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg em 1924. O território, à beira
do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia
posteriormente, constituindo um enclave entre a Polônia e a Lituânia.
A doença de Haff gera uma rigidez muscular. Além disso,
frequentemente ocorre como consequência o aparecimento de uma urina escura em
função da insuficiência renal, razão pela qual essa expressão é utilizada para
se referir à enfermidade.
Em artigo sobre a doença, médicos do Hospital São Lucas
Copacabana explicam que ainda não houve confirmação sobre a natureza da toxina
constante nos peixes cuja ingestão provocou a doença. Em alguns livros, ela
está associada ao envenenamento por arsênico.
A dificuldade está no fato de que a toxina não tem nem gosto
nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção. Ela também
não é eliminada pelo processo de cocção do peixe.
Nos relatos registrados ao longo dos anos, pessoas
acometidas da doença ingeriram diferentes tipos de peixe, como salmão,
pacu-manteiga, pirapitinga, tambaqui, e de diversas famílias, como Cambaridae e
Parastacidae.
Assim como no caso das irmãs do Recife, outros casos da
doença registrados por estudos se manifestaram por meio de dores abdominais
poucas horas após a ingestão de peixes que estavam com a toxina.
Com informações da Agência Brasil - Edição: Graça Adjuto
Foto: Tambaqui / Divulgação.
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