O procurador e coordenador da força-tarefa da Lava Jato,
Deltan Dallagnol, não vai ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos
sobre as mensagens divulgadas pelo site The Intercept, como já fizeram o
ministro Sergio Moro e o jornalista Glenn Greenwald. Em ofício enviado na tarde
desta segunda-feira (8), nas vésperas da audiência pública marcada pela
Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, Dallagnol se disse
impossibilitado de atender ao convite dos deputados por preferir concentrar suas
manifestações na esfera técnica.
"Recebi o ofício agora há pouco", revela o
presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Helder Salomão
(PT-ES), que se preparava para ouvir Dallagnol às 10h desta terça-feira (9).
"É um sinal muito ruim que o procurador dá, porque ele foi envolvido nas
mensagens", comenta Salomão.
Ainda segundo o deputado, apesar de o convite ter sido
aprovado por unanimidade na Comissão de Direitos Humanos e Minorias há quase
dez dias, o procurador vinha postergando a data da ida à Câmara desde então.
Nesta segunda, além de rejeitar o convite para esta terça, ele não se mostrou
disponível, nem sugeriu nenhuma outra data para a audiência. "Ele
simplesmente disse que não virá.
É lamentável negar um convite para prestar
esclarecimentos em uma comissão permanente que já ouviu todos os outros atores
envolvidos", afirma Salomão, lembrando que esta era uma oportunidade para
o procurador apresentar sua versão sobre os diálogos divulgados pelo The
Intercept.
"Se não tem nada a temer, por que ele não comparece? Se
ele tem certeza de que não praticou nenhum ato ilícito, seria uma oportunidade
de dizer. Ao recusar, ele está, na verdade, demonstrando para o povo brasileiro
que não quer responder as perguntas que seriam feitas pelos deputados",
critica o presidente da comissão, reforçando que Dallagnol deve explicações à
sociedade porque os "fatos divulgados são gravíssimos".
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara vai
aproveitar o tempo reservado para a audiência com Dallagnol nesta terça, então,
para avaliar o que será feito a partir de agora em relação a esse assunto. O
presidente lembra, por sua vez, que procuradores não podem ser convocados por
uma comissão permanente.
Fonte: CongressoEmFoco
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