A 21ª
edição do Prêmio Educador Nota 10 (maior e mais importante prêmio da educação básica brasileira) já tem seus vencedores. Entre os nomes
escolhidos está o do representante da cidade de Barcarena no Pará, trata-se do Professor Marinaldo Souza,
da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Jupariquara. O prêmio é de
R$ 15 mil para o professor ou gestor e um vale-presente de R$ 1 mil para a
escola onde o projeto foi desenvolvido. Além disso, os vencedores concorrem
ainda ao prêmio de Educador do Ano, que será escolhido em cerimônia em São
Paulo, em outubro.
Foto/Facebook |
Com o projeto “Produção
Textual do Gênero Fábulas”, Marinaldo, professor de Língua Portuguesa, conquistou
os jurados. Em uma escola ribeirinha a duas horas de barco
da cidade de Barcarena, o professor planejou com muita consistência uma
sequência de trabalho sobre fábulas para seus alunos de 4 a 11 anos de sua
turma multisseriada. Ele valorizou a diversidade e lançou mão de estratégias
fundamentais, como grupos produtivos, para garantir a participação de todos. Em
uma variedade de situações apresentadas de forma cuidadosa a seu grupo o
professor garantiu que todos se aproximassem do gênero estudado dentro de suas
possibilidades, dando espaço para pensar sobre os animais das fábulas e os
animais da região, por exemplo, mas também com situações de alfabetização de
acordo com as hipóteses de escrita do grupo.
Arte: Divulgação/FVC |
Além de Marinaldo, outros nove educadores que desenvolveram
experiências pedagógicas de destaque nas escolas em que trabalham foram
escolhidos por uma comissão de especialistas entre os mais de 4 mil inscritos.
Os selecionados são dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio
de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. O Educador Nota 10 é uma iniciativa do
Grupo Abril em parceria com a Globo, organização da Fundação Victor Civita e da
Fundação Roberto Marinho, com apoio da Associação Nova Escola e patrocínio da
Fundação Lemann e Somos Educação.
Dos 10 projetos vencedores, seis são trabalhos realizados com
alunos do Ensino Fundamental II, três com turmas do Ensino Fundamental I, e um
com o Ensino Médio. Os segmentos Fundamental I e Fundamental II contemplam um projeto
de EJA (Educação de Jovens e Adultos) cada. As disciplinas são variadas, indo
de Educação Física a Matemática.
Conheça os demais
vencedores:
Ensino Médio – Língua Portuguesa
O ser(tão) de cada um
EE Padre Paulo
Santo Antônio do Monte, MG
Guimarães
Rosa é considerado por muitos um escritor que escreve “textos difíceis de ler”.
Mas Ana Cláudia criou uma sequência didática para alunos de 3º ano do ensino
médio que derruba essa crença. Ela não só despertou nos alunos o gosto por ler
e interpretar os contos do autor mineiro, como também acompanhou a turma na
descoberta do potencial transformador e humanizador que a literatura tem. Os
jovens estudaram os aspectos estilísticos dos textos roseanos, criaram
produções orais, refletiram sobre a relação entre a obra e a realidade e
trabalharam com stop motion. O
impacto do projeto fica evidente nas cartas que a turma foi desafiada a
escrever para Guimarães, tal como o escritor Manuel Bandeira o fez.
Fundamental II – Geografia
O meu lugar: educação e memória de Niterói
Escola Municipal Levi Carneiro
Niterói, RJ
A
professora conseguiu fortalecer a relação dos estudantes de 6º e 7º ano, por
meio do trabalho de educação patrimonial, com os bens culturais e naturais de
Niterói. Em um julgamento prévio, eles disseram que não havia nada a se
conhecer no município. Percebendo que seus alunos, apesar de frequentarem a
praia de Itaipu, nunca tinham notado a existência de sambaquis, desenvolveu uma
sequência didática para contemplar essa situação geográfica e despertá-los para
questões ambientais. Desenhos, registros de imagens, oficinas de Arqueologia e
uma saída de campo ao Museu de Itaipu contribuíram para entender o valor do
patrimônio, da paisagem e do lugar. Craque na escuta atenta dos alunos,
transformou várias sugestões dadas por eles em atividades, como a montagem de
uma horta no pátio da escola, e organizou visitas a outros espaços relevantes
do município, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e o Museu Janete
Costa de Arte Popular.
Fundamental II – Língua
Estrangeira
We speak the same language
EEB Maria José Hulse Peixoto
Criciúma – SC
A professora dribla a
ideia de que não se aprende inglês na escola pública. Ela aproveitou a presença
de imigrantes ganeses e haitianos na cidade, que tentam se comunicar em inglês,
para discutir os antepassados dos alunos do 9º ano e a situação de brasileiros
que vão trabalhar em outros países. Com isso, mostrou a importância de ter uma
língua em comum, trazendo para a aula conteúdos importantes para que as
crianças pudessem conversar, pedir ou dar informações. Os alunos escreveram
diálogos e gravaram suas produções em áudio e com ajuda de apps. Dessa forma, a
professora trabalhou a língua estrangeira dentro das possibilidades dos jovens
e sensibilizou-os para temas como empatia, respeito e diversidade.
Elenir Novaes
Fundamental I – Matemática
De cor e salteado
Escola Municipal Campos do Amaral
São Sebastião do Paraíso, MG
No
início do ano letivo, Elenir achava difícil imaginar seus alunos do 3º ano
resolvendo contas de cabeça. Eles não abriam mão da conta armada e se
confundiam durante o processo de resolução. Além disso, mesmo alcançando
resultados sem sentido, não percebiam seus erros: estavam presos a um fazer
mecânico. Diante desse cenário, a professora resolveu trabalhar propriedades
das operações e regularidades do sistema de numeração decimal, dando voz às
crianças para que explicassem o que haviam pensado para alcançar o resultado.
Elenir também trabalhou com a memorização de resultados. Dessa maneira, a turma
passou a confiar mais nas próprias possibilidades de resolução. Agora, todos
lançam mão de outras estratégias, como a decomposição e a sobrecontagem.
Fundamental II – Matemática
De pai para filho – uma abordagem do ensino da matemática nas profissões
EMEF Professor Milton Dias Porto
Navirai, MS
A matemática está presente na vida cotidiana e os alunos do 8º ano
começaram a se dar conta disso quando pesquisaram como essa ciência aparece no
exercício de profissões de garçom, padeiro, astronauta, médico pediatra,
arquiteto e chefe de cozinha. Até então, a disciplina era alvo de rejeição da
turma. Orientados por Ivonete, os estudantes também conversaram com familiares
sobre como eles lidam com números no dia a dia. Descobriram que seus pais e
avós têm estratégias de cálculos próprias e interessantes e que unidades de
medida, juros, porcentagem, orçamento doméstico, perímetro e área, dentre
outros temas, são conhecimentos importantes e, mais do que isso, possíveis de
serem aprendidos na escola.
José Marcos Couto Jr.
Fundamental II – História
Escola Municipal Áttila Nunes
Rio de Janeiro, RJ
A música As Caravanas,
de Chico Buarque, fala sobre como moradores do subúrbio e de comunidades são
vistos na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ao ouvir a letra, José Marcos a julgou
perfeita para dar continuidade a um projeto sobre a questão da inserção do
negro na sociedade e a ideia de invisibilidade social. O trabalho teve dois
objetivos: ampliar o mundo dos alunos do 8º e 9º ano, levando-os a conhecer
outros territórios e culturas, e contribuir para que desenvolvessem a escrita e
a autoestima antes de ingressar no Ensino Médio. Canções de Chico, como Construção, Geni e o Zepelim, Ópera do
Malandro, e de outros compositores geraram debates e produções textuais em
que os estudantes criaram seguindo a mesma estrutura das letras das músicas
estudadas. Também reescreveram a Lei Áurea imaginando como deveria ser a
integração de ex-escravos. Saídas para o teatro e para o Centro Cultural Banco
do Brasil levaram os jovens a espaços nunca antes visitados. Para valorizar
seus textos de autoria, eles foram reunidos no livro Que sejam lidos, que sejam vistos.
Marcos Neves
Fundamental I/ EJA – Educação Física
A desconstrução de preconceitos
CIEJA Campo Limpo
São Paulo, SP
Por
sugestão de uma estudante, o professor resolveu se aprofundar sobre o Maracatu,
e, com isso, precisou desconstruir algumas narrativas preconceituosas que
emergiam dos próprios alunos da EJA. Aos poucos, com ajuda de discussões,
pesquisas, vivências e trabalhos, os alunos conheceram o contexto social e
histórico da escravidão e desta manifestação cultural folclórica
afro-brasileira, ampliando os saberes. Como finalização do trabalho, tiveram
que preparar coletivamente um cortejo para a abertura de um seminário étnico
municipal.
Mauro Rosa Jr.
Fundamental II/ EJA – Arte
Vagas de Luz: Às sombras do preconceito
EMEB Isidoro Battistin
São Bernardo do Campo, SP
A arte como linguagem só tem significado e ganha expressão se o
assunto tratado faz sentido para quem a produz. O professor Mauro orientou sua
turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) a um mergulho por um tema
desafiador e delicado: o preconceito. Os estudantes levantaram perguntas
segundo suas vivências pessoais, retomadas ao longo do percurso. Depois de
conversas e pesquisas com professores de diferentes disciplinas, a turma
decidiu fazer uma representação dramática elaborando um teatro de sombras. O objetivo
era colocar luz sobre questões ligadas ao racismo, machismo, homofobia e
exclusão de presidiários e ex-presidiários. Organizados em grupos, pesquisaram
imagens, textos e músicas com carga simbólica para compor as cenas e se
dedicaram aos ensaios. O teatro de sombras, apresentado a estudantes e
professores, estimulou a comunidade escolar a refletir e debater, além de
empoderar os estudantes, que agora têm força para se colocar diante dos
preconceitos que os atingem.
Mikael Miziescki
Fundamental II – Arte
Morro Grande em Arte
EMEF Prefeito Dário Crepaldi
Morro Grande, SC
Para que seus alunos – que vivem em um município com 3 mil
habitantes e são filhos e filhas de agricultores – desconstruam os estereótipos
que têm sobre a disciplina Artes, o educador os instiga e provoca. Eles estudam
história da arte e a produção de artistas catarinenses e contemporâneos
brasileiros e as vanguardas modernas; pesquisam e debatem; visitam exposições e
escrevem sobre seus próprios trabalhos, o que os torna críticos e conscientes
em relação a sua prática artística. O projeto é inovador, pois coloca em foco
os espaços expositivos e a curadoria, que são tratados como conteúdo. Desde o
início do ano os estudantes sabem que seus trabalhos serão expostos, então se
engajam em pesquisas sobre arte e experimentam com técnicas e linguagens ao
elaborar suas criações. Na última exposição Morro grande em Arte, organizada
pelo docente e seus alunos no final de 2017, eles mostraram seus trabalhos ao
lado de obras de artistas da região, levando mais de 700 pessoas ao evento, o
único acontecimento cultural da cidade.
Sobre o
Prêmio Educador Nota 10
Criado em 1998, o Prêmio Educador Nota 10 reconhece professores da
Educação Infantil ao Ensino Médio e também coordenadores pedagógicos e gestores
escolares de escolas públicas e privadas de todo o país. Desde 2014, a
iniciativa, uma realização da Fundação Victor Civita, é apresentada pela Abril
e Globo, em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Conta com o apoio da Nova
Escola e o patrocínio da Fundação Lemann e da Somos Educação. Ao longo das 20 edições
realizadas foram premiados 221 educadores, entre professores e gestores
escolares, que receberam aproximadamente R$ 2,58 milhões.
Sobre a Fundação Victor
Civita
A Fundação Victor Civita foi criada em 1985 como uma das primeiras
iniciativas brasileiras no campo social. Sua missão é valorizar o trabalho de
professores e gestores, disseminando as melhores práticas da Educação Básica
para auxiliar os educadores brasileiros a enfrentar os desafios de seu tempo.
Saiba mais em www.fvc.org.br
Grupo Abril – conhecimento
é o nosso negócio
Unindo a expertise dos seus pilares de mídia, logística, licenças,
assinaturas, big data, branded content, gráfica, a Abril produz conteúdo,
informação de qualidade e soluções de comunicação e logística para seus
clientes. Entre os mais de 90 títulos e sites que possui está VEJA, maior
revista do Brasil e uma das maiores semanais de informação do mundo.
Recentemente foram lançados GoBox, plataforma de clube de assinaturas, e
GotoShop, operação de e-commerce. A Abril também possui em seu portfólio a CASA
COR, maior evento de Arquitetura e Design das Américas. A missão da Abril é
“contribuir para a difusão de informação, cultura e entretenimento, para o
progresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da
livre iniciativa e o fortalecimento das instituições democráticas do país”.
Sobre a Globo
Globo é uma das maiores empresas de mídia do mundo, produzindo
3.000 horas de entretenimento e 3.000 horas de jornalismo por ano no Brasil.
Com uma rede de 5 emissoras próprias e 118 afiliadas, a empresa cobre 99,6% do
território brasileiro. Sua programação está disponível também pelo Globo Play,
a plataforma de vídeo sob demanda da emissora. Além de uma programação
diversificada na TV aberta, a Globo também investe em produções para TV paga,
internet e cinema. Sua operação internacional conta com sete canais a cabo e
uma divisão para produção e distribuição de conteúdo de esporte e
entretenimento, alcançando mais de 170 países ao redor do mundo. Reconhecida
pela qualidade de suas produções, a empresa já recebeu 15 prêmios no Emmy
Internacional.
Sobre a Fundação Roberto
Marinho
A convicção de que a comunicação pode ser instrumento para
transformação social motivou a criação da Fundação Roberto Marinho, em 1977.
Suas iniciativas promovem o direito à educação, incentivam o protagonismo,
valorizam a cultura brasileira e o meio ambiente. Dentre elas, os programas de
educação Telecurso, Aprendiz Legal e Qualifica; os museus da Língua Portuguesa
e do Futebol, Museu de Arte do Rio, Museu do Amanhã e Museu da Imagem e do Som
(os dois últimos em construção no Rio de Janeiro); o Futura, um projeto social
de comunicação, com uma programação que alia entretenimento e conhecimento útil
para a vida com ações de mobilização social que permitem que o público interaja
com a programação, trabalhe e aplique os conteúdos no dia a dia; e iniciativas
de educação ambiental, com foco na gestão sustentável dos recursos naturais
(Florestabilidade), e no incentivo à ciência e tecnologia (Prêmio Jovem
Cientista). Saiba mais www.frm.org.br.
Mais informações:
Linhas Comunicação
(11) 3465-5888
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