Por: *Samy Dana.
Com a proximidade das festas de fim de ano, o comércio se prepara para um evento que tem pouco tempo no Brasil, mas já ganhou notoriedade, sobretudo nas propagandas: a Black Friday, marcada para acontecer no dia 27 de novembro. Anunciado como uma oportunidade de fazer compras com descontos em um intervalo relâmpago, o evento deve ser encarado com muito senso crítico, especialmente considerando o agravamento da crise econômica.
A primeira reflexão que precisa ser feita a respeito da data, diz respeito ao efeito de imediatismo que é criado. Quando um evento é amplamente divulgado atentando para um boom de ofertas por marcas de segmentos variados, o primeiro impacto é a geração de expectativa nas pessoas. Isso é praticamente um gatilho para o consumo irracional. É como se uma sirene vermelha fosse ligada em sua mente e um letreiro disparasse: "só tenho 24 horas para aproveitar essas oportunidades incríveis”.
É justamente neste ponto que você torna-se um alvo fácil para ciladas. Até que ponto você está realmente diante de uma oportunidade? Essas ofertas são mesmo vantajosas? Você precisa, de fato, produto que está querendo comprar?
Com o carrinho (ainda que virtual) cheio de produtos e a ideia equivocada de que está aproveitando uma chance imperdível, você corre o risco de levar para casa produtos com promoções que não passam de “tudo metade do dobro do preço". Na edição de 2014, o hotsite criado pelo Reclame Aqui, em função do evento, registrou cerca de 1,3 milhão de acessos. Ao todo, foram 12 mil reclamações formais. As queixas mais frequentes eram relacionadas a preços maquiados, dificuldade de acesso aos sites, mudança nos valores na hora de finalizar a compra e recusa de cupons de desconto - em muitos casos a Black Friday virou Black Fraude.
Sendo assim, ainda que você queira aproveitar a data para pesquisar preços de produtos que pretende comprar para o Natal, por exemplo, faça isso com muito cuidado para não cair em ciladas de consumo. Na euforia do imediatismo, as pessoas se esquecem que existem outras oportunidades que podem ser muito mais interessantes em termos de redução de custos, como os saldões de janeiro.
É preciso levar em consideração que estamos em um ano de crise, em que o comércio tem sofrido forte impacto nas vendas. Devido às baixas expectativas de faturamento, as contratações temporárias foram reduzidas. Estoques estão altos e certamente a Back Friday não será a única oportunidade que o setor fará ara desovar mercadorias.
Não se deixe levar pela ilusão, essa não é sua única chance de fazer uma boa compra. Não seja precipitado em achar que não vai encontrar ofertas no comércio depois do evento e pesquise os preços dos produtos antes do anúncio das ofertas. O mais importante é ter em mente que, no atual contexto, o comércio precisa mais de você do que o contrário.
*Samy Dana, é doutor em economia e especialista em finanças.
Fonte: G1
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