Sete ex-prefeitos de cidades do Espírito Santo foram detidos
na manhã desta terça-feira (15), na segunda fase da 'Operação Derrama'.
O
Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) indicou possíveis ilegalidades na
contratação da empresa CMS Assessoria e Consultora Ltda. que oferecia serviços
de recuperação de tributos municipais.
A consultoria CMS e seus sócios não
foram localizados pelo G1 em nenhum dos telefones informados.
Inicialmente, o delegado Janderson Lube, do Nurocc, informou que oito ex-prefeitos tinham sido presos na operação, mas, em nota oficial, o Tribunal de Contas confirmou sete.
Nesta terça-feira, a Justiça decretou a
prisão preventiva de 12 pessoas e o Nurocc efetuou a prisão temporária de
outras 14 pessoas, totalizando 26 mandados de prisão.
A 'Operação Derrama' é
uma ação conjunta do Tribunal de Contas do Estado (TCE-ES), Ministério Público
Estadual e da Polícia Civil, por meio do Núcleo de Repressão às Organizações
Criminosas e a Corrupção (Nurocc).
Segundo a nota oficial do TC-ES, entre os presos estão: o ex-prefeito de Linhares, Guerino Luiz Zanon; o ex-prefeito de Guarapari, Edson Figueiredo Magalhães; os ex-prefeito de Aracruz, Ademar Coutinho Devens e Luiz Carlos Cacá Gonçalves; o ex-prefeito de Marataízes, Ananias Francisco Vieira; e os ex-prefeitos de Anchieta, Edival José Petri e Moacyr Carone Assad.

De acordo com o Tribunal de Contas, nos contratos firmados entre a empresa e os municípios, havia cláusulas conferindo amplos poderes à CMS para a fiscalização tributária e acesso a dados fiscais sigilosos de contribuintes, dentre eles, grandes empresas que atuam nos municípios.

"Verificou-se com as investigações que as prefeituras
estavam privatizando, ou seja, delegando à iniciativa privada parte de sua
competência tributaria, o que é vedado pela Constituição Federal", informa
o TC-ES.
Como funcionava o esquema:
Segundo o Tribunal de Contas, a CMS, como empresa privada,
era contratada pelos municípios para realizar a arrecadação de tributos com
amplos poderes para execução de leis tributárias, o que é proibido pela
Constituição Federal e pelo Código Tributário Nacional.
A empresa CMS apresentava-se como única na prestação de
serviço de consultoria e, com isso, celebrava os contratos com as prefeituras.
Contudo, o serviço prestado pela CMS poderia ser feito por qualquer escritório
de advocacia especializado em matéria tributária.
Após a celebração dos contratos, a CMS agia autuando as
empresas que deviam tributos com a participação de auditores fiscais do
município, sendo que as autuações se dirigiam especialmente às empresas de
grande porte.
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China
Primeira fase:
Em dezembro, 11 pessoas foram presas, entre funcionários
municipais e fiscais de renda da Prefeitura de Aracruz, os sócios de uma
empresa e um funcionário do Tribunal de Contas do Estado. Todos os presos foram
encaminhados ao Centro de Triagem de Viana.
Conforme divulgado em entrevista coletiva no dia 27 de
dezembro, o esquema chegava a permitir que 40,97% do valor pago pelos
contribuintes ao município em decorrência dos serviços prestado pela CMS fossem
rateados entre a empresa e fiscais da prefeitura. Atualmente a CMS vinha
recebendo somente de uma prefeitura parcelas de valores superiores a R$
400.000,00, em decorrência de uma autuação realizada numa multinacional.
Operação Derrama:

Fonte: G1
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