Imagine que para movimentar sua rotina você dependa de óleo diesel. Que para sair de casa, cozinhar, ter iluminação necessária para passar a noite necessite do derivado do petróleo. É justamente nessa dependência que milhares de ribeirinhos da região do Marajó tentam sobreviver, e sofrem.Neste mês de junho, a equipe do DIÁRIO acompanhou o trabalho da Delegacia Fluvial da Polícia Civil e comprovou uma realidade espantosa: a luta de paraenses, muitos esquecidos pelo desenvolvimento econômico e social e penalizados pelo processo histórico a que foi submetida aquela área da região amazônica.
Para Sarraf, o perigo da exploração sexual está ligado a esse problema. “As meninas vendem seus corpos por presentes e dinheiro”, lembra o professor, que confirma a ligação da prostituição infanto-juvenil ao escambo do óleo. Além disso, quando meninos se aproximam com as irmãs das balsas, muitas embarcam e vão embora. “Elas pegam o ‘estirão’ e deixam toda a referência, ou seja, suas casas, para trás. Assim que vão embora”, afirma.
Um litro de diesel chega a custar R$ 3,50.
Não há distância que evite a aproximação de balsas e grandes embarcações. Além de planejar a abordagem, os ribeirinhos se mostram exímios laçadores. Eles precisam laçar as embarcações para oferecer as produções. Entre Bagre e Melgaço encontramos C.J., de 15 anos. Sem freqüentar aula, o jovem diz que leva camarão e oferece por R$ 5. “Não tem aula, a professora não dá. Levei camarão para vender e vendi”, confessou o garoto, que, dentro da pequena canoa, mostrava um saco de torradas que tinha garantido na investida. O litro do diesel naquela região chega a custar até R$ 3,50, bem acima dos R$ 1,90 praticados da capital, Belém. Porém, o escambo do óleo não somente garante o bem-estar dos moradores marajoaras. Ele já se torna disputado produto de revenda.
Fonte: (Diário do Pará)
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